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domingo, 27 de novembro de 2011

Veneno


Eu  nasci  e  cresci,
escutando  o  mais  velho  falar
que  não  se  deve  confiar
em  quem  dorme  no  sereno.
Eu  acreditava,  hoje, se  perguntam  o  que  eu  acho,
em  cima  das  buchas  respondo.
O  que  assusta  é  acreditar
em  quem tem , no  sangue,  veneno.

Veneno  igual  ao  da  cobra  cascavel,
da  jararaca  ou  da  coral.
Que  matam  quando  são  agredidas,
nunca  pelas  costas,  ou  por  nada,  mandam alguém
dar  uma  voltinha  no  céu.

Diferem  dos  traidores,
que,  da  covardia,  fazem escudos.
Ficam  felizes  provocando  dissabores.
Atacam  em  silêncio,
 pra  àqueles  que  não  os  conhecem,
apostam  que  são  mudos.

Quem  agride  pelas  costas,
jamais  merece  perdão.
Levam  um  futuro  sombrio  como  resposta
e no  seio  de  uma  comunidade,
andam  como  porcos,  tentando  aparecer
sempre  com  a  cara  no  chão.


Difícil  é  acreditar,  que  uma  cara  de  santa,
tanto  veneno,  no  sangue,  possa  carregar.
Ao  descobrir,  até  ao  mundo  espanta,
porque  fica  difícil  saber  em  quem  confiar.

Cuidado  tem  que  se  ter
com  os  que  dormem  no  sereno.
São  irracionais  e  tudo  podem  fazer,
mas  nada  por  prazer.
E  do  que  fazem,  não  vivem  se  escondendo.





Lamentação


Quando  aqui  cheguei,
lhe  encontrei  chorando,
e  se  lamentando  do  amor  que  perdeu.
Ele  era  ingrato  e  eu  lhe  avisei.
Bobo  foi  ele  com  a  vacilada  que  deu.

Eu  não  sou  psicólogo,
mas  deste  mau  eu  sei  tratar.
Faça  de  travesseiro  o  meu  colo.
Que  logo , logo  tudo vai  mudar.

  lhe  vejo  sorrindo
e pedindo  pra  lhe  fazer  cafuné.
É  a  vida  de  novo  se  abrindo
nos  meus  braços  e  não  de  um  migué.

Quem  nasceu  pra  ser  migué,
descobre  a  mina  para  o  esperto
explorar.
Andando,  de  topada  acaba  o  pé.
É  uma  classe  que  não  pode  acabar.

Menosprezo


Me  jogaram  pra  bem  longe
daqui.
Nem  eu  mesmo  sei  onde  estou,
não  faço  idéia de como  sair. 
Mas  este  lugar  vou  deixar
seja    como  for.

Viver  onde  me  confinaram
é  tarefa  que  não  nasci  pra  cumprir.
Me  acostumei  com  o  pesado,
jamais  recusei  trabalho,
mas  na  minha  limitação,  abusaram
com  o  direito  de  me  oprimir.

  com  um  dos  olhos,  pouquíssimo
eu  posso  ver.
Não  me  considero  um  pobre  coitado,
pois  no confinamento
e  com  a  consciência  que  DEUS  me  ajuda
a  cada  dia a desenvolver,
percebo  que  muitos  que  se  julgam  importantes,
mesmo  com  as  duas  pernas,  não  conseguem
correr.

Facilidade  nunca  encontrei,
quando  era  possível  o  difícil  eu
transformava  em  ferramenta.
Muito  solo  com  meu  suor  eu  reguei
e  hoje  eu  percebo,  ao  rodar  o  filme,
 por  onde  eu  passei,    meu  ego  ele  alimenta.



Derramei  lágrimas  de  sangue
para minha  família  o  melhor  poder  dar.
Sempre  fui  fiel  e em  todas  as  horas  presente.
Sempre  me  preocupei  com  os  bons  exemplos.
Nunca  e até  hoje  não  sou  de  criar  caso,
o  porque  disto  tudo    DEUS  pra  explicar.

Como  não  sou  um  profundo  conhecedor
da  vida,
muitos  dissabores  eu    passei.
Pelo  menosprezo  de  quem  poderia  se  lembrar
das  vezes  que  meu  bolso  furava,  pra  deixar
o  dele  cheio,  outro  tratamento  eu  merecia  ter.

Dizem  que  esta  vida  dá muitas  voltas,
Disso,  eu  quero  acreditar.
Jamais  quero  um  deles  infeliz  em minha  porta.
Mas,  onde  eu  andava,
 mesmo  com  as  minhas  limitações 
sem  ser  um  menosprezado,
 quero  voltar.

E  quero  voltar  sem  ser  problema,
pois, o  que  fazer, ninguém  me  precisa  ensinar.
Eu  quero  é  o  mundo  que  lutei  pra  construir
e  não  o  que  eu  nunca  pensei,
 que  depois  que  o  destino,  comigo  aprontou,
me  colocaram  sem  o  meu  consentimento,
para  morar.

Cavaquinho de brinquedo


Eu  tocava  meu  cavaquinho  de brinquedo
na  avenida  onde  o  povo  passava.
Jamais  eu  o  dedilhava  com  medo
se  viesse a saber  que  alguém  me  criticava.

Era  um  som  exclusivo
que  chamava  a  atenção.
Jamais  foi  algo  abusivo
pois  eu  tocava  com  o  coração.

Ela  é  doida,  maluca,
não  tem  o  que  fazer.
Porque  não  um  cavaquinho  de  verdade.
  sim,  ela  provava  que  tocar,
ela  sabe  fazer.

Ah!  Se  eu  fosse  ligar...
E  a  estes  eu  desse  satisfação,
eu  parava  de  fazer  o  que  gosto
e  não comprava  meu  arroz  e  feijão.

São  seis  filhos  para  criar
e  um marido beberrão.
É  meu  cavaquinho de  brinquedo
que  de  tostão  em  tostão,
condições  me    de  ser  feliz,
nesta  situação.


Vamos  pra  rua  cavaquinho.
E  tocar  a  canção que  faz  o  meu  peito  chorar.
A  cuia , acredite,  vai  enchendo  de  mansinho,
e  ainda  quero  ver  pra  a  gente,  o  povão  dançar.

Silêncio


Porque  foi  que  você  mudou?
Me  pergunto  qual  a  razão,
se  a  seu lado  eu  sempre  estou
e não  consigo  mudar  essa  situação.

Não  adianta,  o  que  lhe  incomoda, omitir.
Precisamos, e  muito,  conversar.
Falaremos  o  que  estamos  a  sentir.
É  o  único  jeito  de  tudo  mudar.

Não  espere  pelo  tempo.
Ele  conserta  o que  fazemos
questão  de  consertar.
Conselho  dele,  nem  como  alento.
Ele  ensina  batendo,  pra  que  você
descubra
como é  doloroso  errar.

De  mim,  é    compreensão.
Sacrifício é  válido  para  se  conseguir
Viver.
Falo   com  o  coração,
o  que  eu  quero  é  o  melhor
pra  você.

Se  é  algo  que  lhe  atormenta
r  você  não  está  conseguindo  resolver,
eu  sou  o  mesmo,  e  sempre  ao  seu  dispor.
Porque  não  quero  ver  você  sofrendo
e  com  dificuldades  pra  vencer.

É a vida


Ô  pescador,
você  não sabe  o  que  em  terra
você  deixou,
quando  partiu  pro  mar.

Deixou  vários  peitos  sangrando
de  quem  vive  por  você  rezando,
quando  neste  mundo  estranho
o  sustento  da  sua  família
você  vai  buscar.

É  um  exemplo  de  coragem,
responsabilidade  e  determinação.
Seus  filhos,  os  tem  como  espelho.
Com  certeza,  o  seu  dia  a  dia
serve  para  todos como  uma  boa  lição.

Quem  não  tem  medo?
De  enfrentar  no  mar  as  improváveis  situações.
Que  tem  nas  suas  ondas  e  correntezas
seus  mais  aliados  guardiões.

Mas  a  vida  é  assim.
Nem  sempre  a  gente  consegue  escolher
no  que  trabalhar;
nem o  companheiro  ou  companheira ideal,
e  para  que  o  sofrimento  na  espera  não  seja  maior.
nas  mãos  de  DEUS.  a  gente  sempre  espera  pelo  melhor.



Decepção


Eu  entrei  no  samba
para  aprender a sambar,
as  pernas  ficaram  bambas,
tive  que  sentar.

Os  tamborins  tocavam,
muita  gente  dançava,
os  poderosos  mandavam
e  a  raia  miúda  pra  ter  acesso,  esperava.

Eu  fiquei  sem  entender
aquela  situação,
se  o  samba  é  lazer,
porque  privar,  de  sambar,  o  povão?

O povão  é  gente
acredite  se  quiser,
todos  tem  boa  mente,
são  ordeiros,  mas  dispostos  pra  o  que  der  e  vier.

Sou  fanático  por  samba
mas  deste  eu  nem  quero  ver,
vejo  uma  bomba  descendo  uma  rampa
e  seus  efeitos  serão  fáceis  prever.

Porque  se  afastar  dessa  gente
se  com  eles  temos  que  conviver?
É  o  povão  que  coloca  pra  frente
este  pais  que  depende  de  todos  pra  crescer.