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domingo, 8 de maio de 2011

AREIÃO DOS DEZ


  faz  muito  tempo
e  nunca  consegui  esquecer
os  fins  de  tardes  maravilhosos,
que  passei  na  minha  juventude
e  que  me  ajudaram a  crescer.

Carreguei  muita  água  em  carote
Para, o  reservatório  de  casa,  encher.
Comigo,  iam  amigos,  vizinhos,
com  latas  na  cabeça, na  época,  era  um  dever.

Lá,  a  gente  encontrava  Barim,
Peito  de  Pomba,  Anum  Branco  e  Zabelê,
todos  viviam  de  botar  água  nas  casas,
pra  depois  de  filtrada,  beber.

Não  existia  água  encanada
e  nem  por  isto,  acabava  o  prazer,
bastava  pisar  no  areião  dos  dez,
que  o  sacrificio  acabava,  transformando  em  lazer.

Era  gente  pra  todos  os  lados
e  tendo  sempre  o  que  fazer,
roupas,  ao  longo  do  rio,  lavavam,
carros  sujos, em  pouco  tempo,  limpavam,
da  manhã  ao  anoitecer.

Os  babas  eram  sagrados,
tinham  seus  lugares  marcados  no  areião,
da  turma  do  barro,  ninguém  ficava  do  lado,
eram  todos  amigos,  mas,  quando  a  bola  rolava,
era    confusão.

Era  um  baba  famoso,
com  bola  enrolada  de  cordão,
as  faltas,    eram  marcadas,
quando  não  era  possível  levantar  do  chão.

Na  escolha  dos  times,
a  pergunta  era  uma  só:
o  baba  é  com  lambança  ou  sem  lambança?
a  resposta  andava na  ponta  da  língua,
com  lambança,  é  melhor.

O  nosso,  era  mais  calmo,
o  respeito,  um  pelo  o  outro,  imperava,
nunca  era  um  baba  de  moça,
é  que  nossa  turma,  a  bola,  ninguém  maltratava.

Tudo  era  muito  gostoso,
melhor,  era  quando  o  sol  se  escondia,
ninguém,  do  areião,  arredava  o  pé,
esperando  as  meninas,  que  pra  tomar  banho,
o  barranco do rio, descia.



Dentro  d’água,  era  um  corre-corre,
um  verdadeiro  salve-se  quem  puder,
de  toca,  ficava  o  mais  mole,
sem  sentir  nem  cheiro  de  mulher.

Quem  encanarava,
corria  pra  o  poço  da  gameleira,
na  margem  oposta  ao  areião.
Às  vezes,  tinha  gente  demais  na  pedra,
que  tornava  tudo  capaz
e  servia  como  testemunha  de  grande  confusão.

O  tempo  passou  depressa,
duvido  que  do  areião  dos  dez,
 quem,  por  lá,  andou, um  dia,    esquecer
dos  banhos  no  Rio  de  Contas,  do  poço  da  gameleira,
das  ilustres  professoras,  sem  dúvida,  saudosas  parceiras.

Éramos  garotões,
mas  não  fazíamos  besteira,
o  bom, fora,  não  se  jogava,
e  pouco  importava  a  vida  alheia.
Nenhum  de  nós,  hoje,  se  conforma,
vendo  o  areião  dos  dez,  ser  transformado  em  lixeira.

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